Carlos Bolsonaro propõe fim de cardápio vegetariano em escolas do Rio
Na justificativa do projeto, o vereador nega dados científicos sobre o aquecimento global e mudanças climáticas, além de alegar que essa é uma 'pauta da esquerda'
O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), apresentou um projeto de lei na Câmara Municipal que visa proibir a inclusão de cardápios vegetarianos e veganos nas creches e escolas públicas da cidade.
A proposta ainda pretende coibir professores e funcionários de promoverem a dieta entre os alunos, sob qualquer contexto educacional, seja durante aulas regulares, seminários, excursões ou palestras.
Leia mais
'Desenrola para MEIs': Lula lança programa que beneficiará pequenos negócios nesta segunda (22)
Governo pretende chegar ao final do ano com 80% das rodovias federais em boas condições
Na justificativa, o vereador alegou que existem controvérsias sobre o vegetarianismo e veganismo, apontando que a mudança na alimentação contradiz um suposto “carácter onívoro milenar” do ser humano. Ele ainda afirmou que a pauta foi “sequestrada pela militância mais radical da esquerda”, que estaria distorcendo o tema.
“Se não há pacificação sobre ‘aquecimento global’ (uma besteira já mais que refutada e o motivo de desligamento de milhares de cientistas nos anos 2000 do chamado Painel Climático em função do fato de a Terra não estar aquecendo) e ‘mudanças climáticas’ (parafraseando o professor Felício, é uma estupidez aguda e uma presunção boçaloide achar que a humanidade tem a capacidade de alterar o clima de um planeta com 510 milhões de quilômetros quadrados), como justificar atochar, com o perdão da palavra, uma alimentação exclusivamente verde em vastas extensões da população, e especialmente em crianças e adolescentes?”, questionou o vereador.
“Antes de continuar o decurso desta justificativa, é oportuno esclarecer, não é objetivo deste projeto restringir o direito de escolha das pessoas, jamais, embora tudo deponha contra a adoção sistemática desse tipo de hábito alimentar, mas tão somente garantir que não sejam adotadas dietas com base nessa filosofia específica de forma unilateral por meio da decisão de algumas pessoas que, investidas em cargos públicos, crentes numa suposta capacidade pessoal de guiar a História e as massas e vinculadas a partidos políticos, sequer consultam as vontades dos pais, subtraindo o pátrio poder destes, entregando ao Estado um poder que não lhe pertence", continuou.
"Queremos evitar que o Estado se intrometa numa particularidade que inequivocamente pertence às famílias, que não são obrigadas a adotar agendas militantes a título de ‘alimentação saudável’ ou em função de ecofanatismos alheios, que ao cabo e ao fim é do que trata hoje boa parte da agenda vegetariana/vegana a despeito da boa vontade e honestidade de alguns grupos de praticantes”, completou Carlos Bolsonaro.
Essa não é a primeira vez que o filho do ex-presidente se preocupa com a alimentação dos alunos do Rio de Janeiro.
No início da sua legislatura na Câmara do Rio, Carlos Bolsonaro havia protocolado outro projeto que visava proibir o uso de “insetos, inteiros ou suas partes, na alimentação dos alunos matriculados em creches e escolas públicas e privadas do Rio”.
Com o mesmo discurso, Carlos Bolsonaro argumentou que seria necessário proibir “experimentações com crianças”, pensando em um futuro em que a Prefeitura do Rio determinasse a inclusão dos insetos na dieta dos alunos da rede pública.
“Não podemos agir depois da casa arrombada, precisamos nos adiantar, considerando que o uso de insetos na alimentação vem se espalhando pelo mundo todo e o Brasil, como sempre, busca imitar aquilo que o mundo tem de pior. Ficaremos nós, Câmara Municipal, responsáveis por experimentações com crianças e adolescentes, ainda que essa experimentação não esteja no horizonte próximo?”, questionou o vereador na época.