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STF decide que vai fixar entendimento geral para aplicação da Lei da Anistia em crimes cometidos na ditadura militar

Por unanimidade, ministros seguiram posicionamento do relator Flávio Dino

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 15 de fevereiro de 2025 - 15:01
Fachada do Supremo Tribunal Federal
Fachada do Supremo Tribunal Federal -

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que vai analisar o processo sobre a aplicação da Lei da Anistia, sobre crimes cometidos na ditadura militar, com efeitos que perpetuam até os dias atuais, nos chamados "crimes permanentes".

O recurso vai tramitar no sistema de repercussão geral, com isso, os ministros decidem a questão e elaboram uma tese que será usada para todos os processos com o mesmo tema nas instâncias inferiores, padronizando o entendimento na Justiça. 

Relator do processo, o ministro Flávio Dino é a favor da discussão do tema no STF. Em seu voto, ele citou o filme "Ainda estou aqui".


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Acompanharam o posicionamento os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Nunes Marques e o presidente Luís Roberto Barroso. O ministro André Mendonça não se manifestou.

O caso trata de crimes ocorridos na guerrilha do Araguaia, como o homicídio cometido por Lício Augusto Ribeiro Maciel e a ocultação de cadáver praticado por Sebastião Curió, ambos do Exército Brasileiro. Curió morreu em 2022 e o processo busca a condenação de Maciel.

Na primeira instância da Justiça Federal, a denúncia do Ministério Público Federal foi rejeitada, sob a alegação de que o delito se enquadrava na Lei de Anistia. O tema chegou ano passado ao Supremo, após recurso do MPF.

Na visão de Dino, o crime persiste quando quando se mantém em segredo a paradeiro do desaparecido. “A manutenção da omissão do local onde se encontra o cadáver, além de impedir os familiares de exercerem seu direito ao luto, configura a prática do crime, bem como situação de flagrante”, pontuou.

O ministro deixou claro que a proposta não é rever a Lei da Anistia, e sim discutir seu alcance em relação a uma situação específica. “O debate do presente recurso se limita a definir o alcance da Lei de Anistia em relação ao crime permanente de ocultação de cadáver”, afirmou.

“No momento presente, o filme 'Ainda Estou Aqui', derivado do livro de Marcelo Rubens Paiva e estrelado por Fernanda Torres, tem comovido milhões de brasileiros e estrangeiros. A história do desaparecimento de Rubens Paiva, cujo corpo jamais foi encontrado e sepultado, sublinha a dor imprescritível de milhares de pais, mães, irmãos, filhos, sobrinhos, netos, que nunca tiveram atendidos os seus direitos quanto aos familiares desaparecidos. Nunca puderam velá-los e sepultá-los, apesar de buscas obstinadas como a de Zuzu Angel à procura do seu filho”, declarou o ministro.

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